A minha vida tem sido, desde há muito, uma luta constante; não contra ninguém nem sequer contra moinhos imaginários sediados nas bordas de qualquer Praia Lusitana, antes sim para superar algumas limitações e diferenças que o meu corpo físico transporta, que aos olhos dos que me rodeiam faz com que estes tornem ainda mais renhida essa luta, pois que estes tornam ainda mais evidentes essas limitações, não porque eu as tenha já, mas porque com as suas próprias limitações, contra as quais tendo desaprendido de, ou não descobriram a forma de, lutar contra elas se divertem a criar ainda mais dificuldades a quem já cansado está de lutar contra as suas próprias.
Isto para dizer que, ao longo da minha vida, tenho vindo a lutar para que possa também eu ser uma pessoa vulgar, amada e participativa do mundo onde fui colocado não por vontade própria, mas que nem por isso é motivo para desistir ou deixar de cumprir com a missão que me está conferida como, aliás, a todos os habitantes deste planeta terra, independentemente das circunstâncias em que possam encontrar-se.
Fiz a minha escolaridade, procurei fazer a minha formação, entrei, sabe Deus como? no mercado do trabalho, passei meses sem trabalho; mas nem por isso desisti de continuar a lutar por aquilo em que veementemente acredito: as minhas capacidades enquanto ser humano, Homem e elemento contributivo para o bem comum com o meu trabalho, saber e Amor-próprio e pelos demais.
Porém, o mundo que me rodeia, o tal onde sempre lutei para que me incluísse também, mudou, a ponto de ter deixado de valorizar a Pessoa Humana enquanto tal, mas sim pelos dividendos que a sociedade de hoje possa vir a colher com o seu tempo de trabalho e não por aquilo que ela na realidade representa para o bem comum, acentuando ainda mais o ónus da luta de todos aqueles que querendo ser participantes e participativos na sociedade onde se inserem; ou seja: as suas limitações físicas, pelo que, assim, todos esses seres humanos que tendo sido sempre mantidos à margem de tudo e de todos vêem a sua já longa cruzada confrontar-se com outro Adamastor ainda mais agressivo que é a exclusão social em razão da incapacidade, será?, física para corresponder aos novos desafios que esta agora lhes exige alcançar.
Quem tiver lido o meu trabalho escrito em fins de 1999 "Um novo milénio, um novo olhar sob a Pessoa Humana" sabe bem onde quero chegar; mas, tenho que o admitir, porque um homem não é de ferro, começo a ficar cansado da luta, até porque cada vez menos, em razão da idade que já levo, tenho forças para manter o passo nesta minha já longa caminhada.
Cheguei a um ponto na minha vida que já não sei o que fazer, não porque tenha desistido, mas porque desconheço as armas com que devo, então, enfrentar este novo Adamastor do III Milénio a exclusão social em razão das circunstâncias do corpo.
José Pedro Amaral
19-06-2007
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